Resposta: Durante a cirurgia, caso o tumor esteja aderido à estruturas vitais, à vasos importantes ou ao nervo facial, é feita a decisão intra operatória de deixar resto do tumor privando pela vida do paciente, e posteriormente estudar nova abordagem ou radiocirurgia, se houver crescimento tumoral.
Em alguns casos, apenas o repouso irá resolver a saída de liquor. Na grande maioria, será necessário a reabordagem cirurgica, com a abertura atrás do ouvido, no mesmo local da cirurgia para a sua reoclusão utilizando novamente um pedaço de gordura, cola e substituto da dura mater. Junto a isso, é colocado uma derivação na região lombar, para reduzir a pressão intra craniana e o pacinete volta a fazer o tempo de repouso absoluto e de repouso relativo.
Resposta: a manipulação de extensa àrea e a descompressão pela retirada do tumor pode gerar um edema ( inchaço) no cerebro e aumento da pressão liquórica. Isto se chama hipertensão intra craniana e quando ocorre, necessita ser abordada com urgência para a passagem de uma derivação que reduza a pressão dentro da cabeça. Essa derivação pode ser inserida no crânio, na região lombar ou abdome e permanece por alguns dias enquanto o paciente faz repouso internado.
Resposta: A pesar de pouco frequentes, deve ser dito que devido à localização do tumor e proximidade com os nervos cranianos, a manipulação cirurgica pode levar à sequela transitória ou mesmo permanente de: surdez ( comprometimento do nervo coclear), paralisia facial periférica ( comprometimento do nervo facial), instabilidade ( comprometimento do nervo vestibular), sensaçao de formigamento da hemiface com diminuição da sensibilidade local ( comprometimento do nervo trigêmio), alteração na movimentação ocular ( comprometimento do nervo abducente) e dificuldade em engolir alimentos ( comprometimento dos nervos glossofaringeo e hipoglosso)
Resposta: São raros os casos de tontura crônica como sequela cirurgica. Algumas vezes o paciente desenvolve tontura no pós operatório, mas com o progredir da sua recuperação, há melhora da tontura, e em casos que ela permanece por mais tempo, pode ser indicado fisioterapia para o equilibro. Em grande parte dos casos, mesmo após a cirurgia, o paciente não apresenta queixa de tontura porque devido ao crescimento lento do tumor, ocorre uma compensação vestibular ao longo da evolução.
Para compreender melhor o que vamos explicar acompanhe o texto abaixo:
Siga o texto abaixo no desenho do esquema do ouvido com o “caminho” do som percorrido enquanto o sino toca.
O ouvido é dividido basicamente em ouvido externo, médio e interno.
O externo compreende a orelha e o canal externo do ouvido e termina no tímpano (membrana do tímpano).
O médio compreende o tímpano, os ossinhos do ouvido (martelo, bigorna e estribo e a parte chamada mastóide. que são pequenas cavidades ósseas cheias de ar como um “queijo suíço”. Todo este espaço é fechado tendo uma única comunicação com o fundo do nariz que se abre periodicamente, que é a tuba auditiva ou trompa de Eustáquio, por isso que quando assoamos o nariz às vezes sentimos o ar ir para o ouvido e ele fica um tempo tampado.
O tímpano é uma membrana de pele muito fina, que fecha o fundo do canal externo do ouvido e divide este canal do ouvido médio. Esta membrana é muito móvel e vibra como se fosse uma membrana de um tambor.
O ouvido interno corresponde à cóclea, labirinto e canal auditivo interno. Da cóclea sai o nervo auditivo que vai pelo canal auditivo interno até o cérebro. Neste canal interno que é de osso também passa o nervo facial (responsável pela movimentação de músculos da face) e o nervo vestibular (responsável pelo equilíbrio). Este canal tem ligação direta com a cavidade dentro de nossa cabeça onde está o cérebro.
O som se espalha através de uma vibração pelo ar. Esta vibração é captada pela orelha externa (pavilhão auditivo e canal externo do ouvido), atinge a membrana do tímpano que funciona como se fosse uma membrana de um tambor muito sensível. Estas vibrações fazem a membrana timpânica vibrar. Na membrana do tímpano encontra-se fixado um pequeno osso chamado martelo. O martelo está articulado em um outro osso chamado bigorna que pôr sua vez articula-se no estribo. Este conjunto de pequenos ossos se movimenta com a vibração da membrana do tímpano e amplificam esta vibração como um sistema de “roldanas” transmitindo esta vibração a uma pequena membrana que se encontra encostada no estribo e oclui o canal da cóclea. (veja no desenho animado anexo). O canal da cóclea é cheio de um líquido e tem a forma em espiral como de um caracol. Com a vibração da cadeia de ossinhos que conseqüentemente faz vibrar a membrana da cóclea este liquido se movimenta dentro da espiral coclear.
A espiral é revestida internamente de células que tem cílios, que ficam embebidos neste liquido e se movimentam com a movimentação do líquido. Para melhor compreensão é como uma plantação de trigo que se movimenta com o vento em várias direções. Esta movimentação gera uma pequena energia elétrica que é transmitida ao cérebro pelo nervo da audição onde será decodificada e gerar a compreensão dos sons.
Sim, mas é muito raro que isso aconteça. Em nossa experiência de mais de 1000 casos operados somente houve 1 recidiva.
Logicamente isso vai variar de acordo com o tamaho do tumor e se houve problemas no pós operatório. Na grande maioria das vezes em 15 dias a pessoa está em vida normal, exceto para atividades físicas fortes, que demora em torno de 1 mês
Quanto se tratar de neurinoma isolado não há evidências de relação familiar.
Quando se trata de neurofibromatose ou doença de Von Recklinhausen normalmente há outros casos na família e por isso os filhos devem ficar atentos para a possibilidade.
Nos casos de neurinomas unilaterais esta possibilidade é quase nula.